sábado, 8 de julho de 2017

INSENSÍVEL CHAPE, by Thais Skodowski

Os familiares de vítimas do acidente aéreo com o time de futebol vivem um drama à parte: sem dinheiro e apoio, foram excluídos da reconstrução do clube

FAMILIARES Mara Paiva (à esq.), mulher do comentarista Mário Sérgio, e Fabienne Belle, esposa do fisiologista Luiz César, criaram uma associação de vítimas (Crédito: ANDRE LESSA/ISTOE.)

Após a queda do avião da delegação da Chapecoense, o clube foi abraçado pelo mundo. Homenagens, doações e o carinho de torcedores de todos os cantos deram condições para que o time pudesse se reerguer. Mas um grupo ficou de lado: os familiares de 71 pessoas que morreram no acidente aéreo ocorrido na Colômbia em 29 de novembro de 2016. Inconformados, reclamam da maneira como a Chape isolou aqueles que viram outra tragédia começar ao enterrar os corpos de entes queridos.

“Há uma separação entre o drama real do clube e o drama real das famílias das vítimas”, diz Mara Paiva, viúva de Mário Sérgio, ex-comentarista da FOX Sports. De acordo com as famílias, o valor arrecadado pelo jogo entre Brasil e Colômbia em 27 janeiro, e que foi entregue a eles, ficou aquém da necessidade. Enquanto isso, alguns dependentes de jogadores, jornalistas e funcionários do clube que estavam no avião – em busca do que poderia ser o maior título da história do clube – passam por dificuldade financeiras. “A prioridade é reconstruir o clube”, afirma Fabienne Belle, viúva do fisiologista Luiz César Martins Cunha.

A reclamação não se limita ao dinheiro. O tratamento – ou melhor, a falta dele – aos familiares também tem sido questionado. A instituição designou apenas uma assessora de imprensa como canal de comunicação com as famílias. Os pertences dos passageiros foram expostos com desleixo em um grupo de WhastApp. Mara conta que passou mal na fila do banco ao ver no celular a foto do sapato do marido. A mulher de umas das vítimas sofreu uma crise de pânico no estacionamento da Arena Condá ao buscar a mala do marido. “Não tinha na ocasião nenhuma assistente social ou psicólogo”, diz Fabienne. Quem não pôde ir a Chapecó buscar os pertences recebeu os objetos pelo correio.
Mas não é só isso. Outros fatos são motivo de nó na garganta. Em uma participação no programa do Luciano Huck, um diretor do clube disse que as famílias estavam sendo bem tratadas. A fala causou indignação. Os familiares também não foram convidados a participar de um evento com deputadas bolivianas que visitaram Chapecó com documentos sobre o acidente. Também não foram chamadas para uma visita ao papa Francisco em Roma, a ocorrer em setembro.
A mulher de umas das vítimas sofreu uma crise de pânico no estacionamento da Arena Condá ao buscar a mala do marido
Parentes dos jogadores endossam a indignação. “Eles estão ganhando dinheiro com a morte do marido da gente”, diz Rosângela Loureiro, que perdeu o marido e ídolo do time, Cléber Santana. De acordo com Rosângela, o clube ainda não pagou os direitos de imagem do jogador. Ela também afirma que a Chape prometeu continuar pagando o aluguel do apartamento em que ela morava em Chapecó, mas que isso não aconteceu. “Três meses depois eu recebi uma ordem de despejo”, disse.
R$ 40 mil 
é o valor que cada família deve receber das doações recebidas
pelo clube
R$ 1.050.811,75
foi arrecadado no amistoso entre Brasil
e Colômbia
R$ 15 milhões 
foi liberado pelo Governo Federal para reforma da Arena Condá e construção de um memorial
Fonte: ISTO É

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