A Granja lamenta, by Alexandre C. Aguiar
Os bichos-cricri da famosa granja Comigo Boi Não Dança, ou mais
conhecida pelas iniciais CBN-D, a Raposa Felpuda, maledicente e
ardilosa, o Sapo Duende, encrenqueiro e eterno inconformado, o Gambá
Pretibranqui, liso e ensaboado, que substitui o Bode Espanhol enquanto
ele vai polindo umas castanholas, o Ratão do Banhado, que não deu certo
em lugar algum e acabou dando na Granja e o Morcego Moicano, que posa
de intelectual para fazer gênero, analisavam a última colheita na Granja
do Vizinho.
- Então quer dizer que o pé de brócolis murchou? – perguntou a Raposa Felpuda, arrumando o cachecol.
- Murchou, rapaz! – confirmou o Ratão. – E o que é pior é que dificilmente vai dar uma boa colheita no futuro.
- Por que? – continuou a Raposa. – Eles vinham tão bem. Era um espetáculo. Eram os melhores.
- Subiram no salto alto, só pode. – Atestou o Sapo Duende.
- Que nada! É que, ao que parece, o Cavalo do Paraiso que come o
brócolis pela raiz voltará. E isso é péssimo. – Concluiu o Ratão.
- Olha, eu com a cara pintada de emoção digo que nos tempos dele a
Granja do Vizinho era sensacional. – Comentou o Gambá Pretibranqui.
- Enquanto eles tinham boa colheita, tudo estava bem. – Declamava o
Sapo.
– O discurso de quem colhe é um, de quem não colhe é outro. É
sempre assim. Ninguém me engana. Mas a gente tem sempre que dizer que
está tudo bem, que é pra não tumultuar o ambiente.
- Eu imagino, então, como deve estar o clima lá no Circo do Deba. –
Comentou o Morcego. – Lá tudo não dá certo, é uma bagunça total.
- E o mais bacana é que tem uns danados que nos seguem, dizem
exatamente o que nós fofocamos. É um espetáculo! – Arremeteu a Raposa.
- Ah, sim, lá no Circo do Deba sempre há eco da gente. – Completou o Morcego.
- Agora os bichos do Circo querem dar uns safanões no dono, a Abelha
Zumbindo, só porque ele mandou a Matraca Trica embora. – Apontou a
Raposa Felpuda, alisando o cachecol.
- Por que será que o dono do Circo não manda nessa leva o Papagaio Van Twitter e o Porco Chardonay? – Quis saber o Sapo.
- E como é que a gente fica, sem fofocas? – Largou a Raposa.
- Mas, rapazes, voltando a valsa, essa colheita maldita na Granja do Vizinho teve as suas repercussões, né. – Lamentou o Ratão.
- Pois é, agora vai ser Foda! – Sapecou o Sapo.
- Ei, ei! – Alertou a Raposa. – A gente já combinou que palavrão aqui não é permitido.
- Não, esse é o nome do novo capataz da Granja do Vizinho. –
Argumentou o Sapo. – Ele é Foda. Não posso fazer nada. Queres falar
Fucks eu até aceito, mas eu não falo ingrês. – E deixou a dentadura cair
no colo.
- Mas o antigo capataz era tão bom. – Lamentou o Morcego. – O Porco
Albino era o melhor, sabia plantar e colher brócolis muito bem. Por que
será que foi embora?
- Uma verdade tem que ser dita. – Antecipou-se o Sapo. – Ele era muito metidinho.
- Mas era bom. – Continuou o Morcego. – Gostava de uma picanha, de um chopinho, de uma macarronada, mas quem não gosta?
- E servia um cafezinho pra gente que era uma beleza, hein. – completou o Ratão.
* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí Futebol Clube e proprietário do blog Força Azurra. A charge é do nosso saudoso Mausé.
1 Comentário:
GRANDE AGUIAR, MUITO BOA ESSA TUA GRANJA.
O SAPO REALMENTE SE PREOCUPA EM NÃO TUMULTUAR O AMBIENTE "DOLADELÁ". JÁ DO OUTRO LADO...
NÃO É DE ESTRANHAR, PARTINDO DE ALGUÉM CUJO LEMA É "FARINHA POUCA, MEU PRIÃO PRIMEIRO."
Roberto Costa
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