Vi… Ri… Venci… Naquilo qui di…, by Eno José Tavares

Quem foi que disse uma vez que o vento sul é o riso das bruxas… o nordestão é o arroto dos bruxos… a lestada, o lamento das almas penadas e o terral a limpeza dos vivos e puros de sentimentos? Pois minha gente, nossos pescadores ilhéus, esses gentis seres de nossas praias do sul e do norte da Ilha, britânicos fossem, seriam heroicos protetores de nosso tão ameaçado patrimônio marítimo e marinho. Muitos teriam o título de “Sir” eis que socorrem náufragos e acolhem em seus modestos ranchos os peregrinos notívagos jogados ao léu da sorte. Ou quando nos recebem como iguais e nos ensinam as excelências do bem viver, com muito pouco, mas, com muito sabor e proveito. E faziam tal sucesso que muitos gaiatos de plantão (são multidões nessa Ilha Encantada) quiseram esnobar nossa feijoada de tainha.

Mas, em resposta burlesca, usei emprestado do imortal Beto Stodieck, algo tão simples como é o nosso inacreditável ilhandês: Vi… nos críticos uma ausência de saudade e muito de nostalgia; então Ri de suas expressões de espanto, pois que ousáramos publicar a receita de um prato assaz inédito para os citadinos…Venciminha inibição de um não cozinheiro ao registrar nestas páginas e sons  as expressões de incredulidade desses incréus… Naquilo qui di… ao trazer a público receita tão exótica no meio de tanta exibição de cozinhas alienígenas onde trocam nossa ova por caviar esquecendo as tradições do paladar ilhéu.

E para aqueles que mesmo meio “infunchados” tiveram a coragem e confessaram Comi… e Gosti .

Portanto meus acolunados… Bom apetite, mas, não corram já ao Mercado Público pra comprar tainha e feijões… esperem pelos lanços quando a tainha sem ovas custa três vezes mais barato que agora e a tainha com ovas lindas, sensuais e provocantes também estarão mais baratas que agora.

Ah! E faça como um bom escoteiro: antes do preparo da feijoada de tainha e ovas abra um buraquinho no jardim de sua casa e ali enterre o lixo orgânico, em outro buraquinho o lixo mais estéril e no outro as espinhas, peles, nadadeiras e leme do bichinho.

Faça como os gatos: devolva a terrinha aos buraquinhos e sobre essa terrinha replante as leivas de grama e cheirinhos verdes.

E por que? Você não fala de sustentabilidade ambiental?

Eu diria também que é respeito nasal, pois resíduos de peixe não são fontes de perfumes franceses, né?

Para finalizar… você sabia que se plantar temperos e ervas de cheiro no seu quintal ou em uma jardineira no peitoril do seu apartamento, na próxima safra da tainha você terá seus cheirinhos verdes naturais bonitos e sem agrotóxicos?

Fonte: www.carosouvintes.org.br