CANTARELLI E OS DOIS BABACAS, by Roberto Costa

No início da década de 90, o goleiro Cantarelli, do Flamengo, esteve em vias de jogar no Avaí. Veio até Floripa, conversou com o Clube, mas não acertou as bases, retornando para o Rio.

Lembro muito claramente da situação, haja vista que o fato deixou marcas profundas no astral da torcida Avaiana e dos habitantes da Ilha em geral, por conta dos detalhes trazidos a público pela imprensa de então. Duas figuras notórias e manjadas, Miguel e Vasel, espalharam aos quatro ventos que a recusa do goleiro em assinar o contrato ocorrera por culpa da esposa do mesmo, a qual teria dito que a cidade não possuía um colégio digno para seus filhos estudarem.

Por uns dez dias o assunto foi objeto de conversa nas rodas esportivas, e toda a população considerou antipática a postura do goleiro e sua esposa, que pareciam esnobar a bela e tranquila Floripa de então.

Cantarelli hoje é treinador de goleiros do Flamengo, e ontem, momentos antes do início do jogo entre tombense e Flamengo, serviu-se das ondas da CBN para desmentir, indignado, a postura antipática que lhe foi atribuída à época, cobrando explicações de Miguel e Vasel. A falsa versão dos fatos, segundo o goleiro, estava até hoje atravessada em sua garganta. Gostaria de saber quem foi o babaca que inventou isso, disse.

É claro que ninguém assumiu nada e nenhum babaca foi identificado, mas Cantarelli sentiu-se aliviado pela oportunidade de explicar-se.

Ainda que não tenham inventado a lorota, nossas duas figuras criticaram publicamente à época a postura do goleiro e sua esposa. Não se deram ao trabalho de investigar a procedência da notícia antes de torná-la pública. Tanto quanto um trinta e oito carregado, um microfone é arma que deve ser usada com muito juízo; em mãos erradas, pode provocar prejuízos sérios.

* Roberto Costa é associado do Avaí Futebol Clube