ÉTICA E PAIXÃO, by Roberto Costa

A pessoa ter comportamento ético, é pautar seus atos sempre na linha da moral, do bem geral e da decência. Por aí se vê, que ética e paixão não se enquadram adequadamente, o indivíduo tomado de paixão geralmente age por impulsos e atropela os preceitos éticos, aqui incluída também a paixão pelo dinheiro, uma das mais irresitíveis.

 

Tivemos no primeiro semestre um entrevero dentro de campo, quem não se recorda, quando dois jogadores do Avaí, extamente Bruno e Nunes, empurraram-se reciprocamente e trocaram alguns sopapos. Como o lance não foi observado pelo árbitro do jogo, alguns rapazes da imprensa, muito éticos e isentos que são, abalaram-se profundamente. Agiram de forma rápida e precisa com seus instrumentos de trabalho, criticando por vários dias o ocorrido, visando a punição exemplar dos gladiadores. Na condição de paladinos da moral, supriram os eméritos julgadores do caso com imagens da luta, exigindo-lhes providências e ainda por cima cobrando celeridade daqueles no julgamento do processo. Foi um surto ético, ou um surto de paixão?

 

Tivemos recentemente um ato esdruxulo no mundo do nosso futebol, onde o presidente da Federação, a quem cumpre no mínimo dar exemplos de imparcialidade, sugeriu que um dos clubes filiados, no caso o Avaí, "amolecesse" um jogo, visando favorecer a outro filiado a ser campeão. Os mesmos valorosos rapazes da imprensa desta vez não se abalaram, noticiaram e comentaram sob risos o ato reprovável, confirmando o que todos sabemos, que há sempre algo de podre no reino do futebol, o que a maquiagem da mídia não consegue esconder.

 

Por questões de coerência e também de ética, seria lícito esperar-se que os garbosos gendarmes da moral e dos bons costumes se abalassem uma vez mais, e suprissem o TJD com as imagens, e cobrassem providências judiciais contra o ilustríssimo dotô. Mas não vão fazer, eles vivem de paixão.

* Roberto Costa é associado do Avaí Futebol Clube.