JOÃO SALUM, HUMORADO E HERÓICO, by Roberto Costa
João Salum, presidente do Avaí na década de 70 |
Não era efetivamente um calote, uma tentativa de golpe definitivo, mas uma maneira de procrastinar o pagamento, ganhar um tempo, em razão das dificuldades de momento. Enfim, uma ginástica das muitas necessárias a quem administrava um time amador, com nuances de profissional.
Salum dizia que o seu Avaí tinha três diretores, "eu, o João, e o Salum".
Certa feita, Balduino ainda jogava no Avaí, estando eu de férias, nesse período de remontagem de equipe, como o que estamos vivendo, fui ao Adolfo Konder assistir a um dos primeiros treinos e saber das novidades in loco.
Adentrei o gramado, os jogadores ainda se aqueciam brincando com a bola e alguém chegou junto ao Salum, no meio de uma rodinha de pessoas e falou: "Salum, o Balduino disse que só renova com luvas". "Ah, ele quer luvas? Então tu vai lá (apontou para a casinha/vestiário que dava fundos para a Mauro Ramos) e me trás um par de luvas usadas que tem lá, embaixo do banco, que eu vou dar pra ele". Arrancou risos de todos em volta. Se as luvas foram pagas, não sei, mas a solução veio, Badu renovou.
Salum era um empresário, mas sem qualquer resquício de elitização boba, falava a língua do povo, que afinal é a dos boleiros, e por isso se entendia com eles. Salum frequentava treino, opinava, levava pra casa, no sapato, a clorofila do pasto do bode. Acho que não havia viagem aérea na época, para Chapecó, mas Salum ia junto à boleirada, no jumbo rasteiro.
Hoje, tudo se modernizou, os recursos são outros, mas a velha psicologia de bem ouvir e integrar-se ao todo, como intuitivamente fazia João Salum, é capaz de mover montanhas e de render dividendos sempre.
* Roberto Costa é associado do Avaí FC
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