O cidadão-mané, by Alexandre C. Aguiar
Visual da Costa de Dentro, onde o autor do texto passa férias |
Nestes dias entre uma taça de espumante e uma perninha de carneiro fica difícil achar notícias interessantes do nosso futebol. Não há nada importante, que não sejam a previsão do tempo ou a temperatura da água do mar. A única coisa que incomoda é a areia da praia entre os dedos. Até os blogs de encrenqueiros cessaram a metralhadora, cujos donos nos deram férias de suas sandices.
As coisas boas que tenho lido ainda são os depoimentos de meu amigo Assis e as notícias do Bom Dia, Azurras, de meu outro amigo André Tarnowsky. O resto, como seus focos (ô, palavrinha chata!) é bater no Avaí, e estando o clube negociando jogadores em segredo, não têm assunto e reservam suas pedradas para quando o campeonato estadual começar.
Aí veremos informações forçadas saindo pela blogosfera avaiana, quando o futebol estiver no pique máximo da brazuca. E se houve uma eleição e já tivemos o resultado e até uma posse, por outro lado a campanha continua. Eu, particularmente, não falo em continuidade, mas em expectativas. Mas o que fazer quando uma porção de meia dúzia de vinte adolescentes e analfabetos funcionais é birrenta e mal amada? Na verdade, essa aposta num pessimismo exagerado tem a sua razão de ser. Uma delas é a falta de compromisso, tão comum em oportunistas. A outra é o comodismo de bater sem oferecer ajuda, peculiaridade dos fracassados.
Há quem reclame da sorte, que o ano foi ruim, que este é um incompetente, que aquele é ladrão ou coisas assim. Pois perdem seu tempo. O Avaí, independente dos malefícios e benefícios seguirá sua vida. A vantagem é que ele está pronto, coisa que não havia há quase doze anos.
A propósito, ouvia por estes dias uma definição muito interessante sobre o cidadão-mané. O cidadão-mané é aquele sujeito que joga pedra sobre sua própria cabeça. É aquele que fala mal de sua própria existência. É aquele que acha defeitos em sua família, em seus amigos, em seu local de trabalho, em sua cidade, em seu país, em seu clube de futebol. A todo momento ele procura algo de sua própria vida para falar mal, mesmo que não haja, mas ele tem que achar alguma coisa. É de sua natureza indolente. Não é crítico, pois o crítico é inteligente. O cidadão-mané é o que tem solução pra tudo, mesmo sendo algo estapafúrdio e ele seja uma anta. Mas tem solução. Posa de sabidão, mas é um chato, na verdade. Se der sol, ele quer chuva, se chover, ele quer frio, se fizer frio, ele chama pelo calor. Os xiitas, como diz meu amigo Assis, destemperados que nunca estão contentes com nada, acho que nem com eles mesmos.
Conheces alguém assim?
2014 está aí e eu felicito os amigos. Os outros que corram atrás, se puderem.
* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí FC, proprietário do blog Força Azurra e um dos colaboradores do portal Todo Esporte SC
2 Comentários:
Realmente, eu torço pelo Avaí desde a adolescência, e olha que faz tempo, e nesse tempo todo, nunca vi a torcida avaiana chorar tanto de barriga cheia como neste 2013, um ano magnífico sob todos os aspectos.
Afinal, por que se lamenta esse cidadão mané, hein?
Ele tem algum motivo plausível?
Por acaso caímos pra série C?
Cidadão mané, joga pedra na tua cabeça, na tua família, no teu cachorro, e só, porque o ano esportivo foi ótimo.
De acomodados será o próximo reino dos céus, logo alí na frente. Roberto Costa
Roberto Costa, dax um banho! Muita sutileza. Chorei de tanto rir. kkkk
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