Jornal para embrulhar peixe, by Alexandre C. Aguiar
O ilustre poeta romano Horácio, como bom epicurista, aquele que vive em sossego e paz de espírito, cunhou uma frase usada por muita gente a toda hora, carpe diem, que significa aproveitar o dia. Dar vazão à sua existência e deixar os problemas de lado. Foi o que fiz nestes dias de dezembro na aprazível e paradisíaca Costa de Dentro. Deixei a vida me levar aproveitando os dias.
Assim, longe dos dissabores urbanos, como mobilidade, estacionamento, contas a pagar e gente chata importunando e se metendo em sua vida, vivi dias de rei nestas férias. Contudo, ao se voltar à realidade, percebe-se que um mês apenas de férias é pouco. E as indecências voltam as nos atormentar.
Foi o que vi quando voltei a folhear os textos da mídia ordinária que serve de arauto a interesseiros relacionados aos clubes de futebol em nosso quintal. Quanta bobagem!
E aí, voltando ao latino Horácio, recorri a outra frase dele que ressalta a situação mediana de nossa imprensa esportiva: aurea mediocritas, ou mediocridade dourada, aquela situação onde o sujeito nem é muito bom e nem é muito ruim, mas faz um esforço danado para aparecer.
Percebe-se, isso, ao se tomar tenência das notícias que nos assolam.
A nossa imprensa até que não é ruim. Ela se esforça para dar conta do recado. Mas para articulistas do Le Monde ou New York Times, que é o que pensam que são, precisam vender muito jornal e comer muita farinha. Aliás, plantar a mandioca antes, durante anos a fio. Vivem estes dias, por exemplo, numa disputa cretina para ver quem deu o maior furo sobre estas ou aquelas contratações. Dói o carrinho de rir de tanta estupidez.
Pois se fosse só isso, já seria terrível. Um extraterrestre, destes de filmes que pintam por aí, se pousasse em nossa lotada e atolada ex-Ilha da Magia e se deparasse com os argumentos usados contra o clube de maior torcida do Estado e com as aberrativas distorções nos noticiários, certamente ele teria certeza que este clube, de azul e branco, alocado no Sul da Ilha, joga numa divisão inferior a todos os demais clubes de Santa Catarina, nunca ganhou nada, não possui título algum, tem um patrimônio de malocas, joga nos estádios dos outros e sua história é pífia, ridícula, sem graça. E está em vias de fechar as portas, tamanha a sua pequenez.
É o que se constata ao ler as notícias e informações levianamente dadas sobre o Avaí Futebol Clube.
Imprensa, pra quem não sabe e é bom aprender, existe para dar notícias. A opinião quem faz somos nós, consumidores de mídia.
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