Os mais simpáticos, by Alexandre C. Aguiar
Quando o Avaí jogou a Série A em 2009 e fez uma partida contra o Flamengo, no Rio, muitos torcedores saíram de Florianópolis para “lotar” a área de visitantes do Maracanã. Naquela oportunidade vangloriavam-se de terem ouvido sermos um time simpático (termo usado eufemisticamente em lugar de “ruinzinho, mas bacana”), de torcida amável, de gente ordeira e feliz. Até saiu uma tal pesquisa, não se sabe de onde, afirmando que éramos a “5ª. potência no Rio de Janeiro”, à frente do Ameriquinha, olha que honra!
Muitos egos foram inflados – inclusive o meu – por sermos tão bem quistos lá pelas bandas cariocas.
E assim, seguidamente, a mesma situação ocorreu em São Paulo, em Minas, em Curitiba e mesmo em Porto Alegre, a cada momento no qual nosso time seguia sua caravana. Houve jornalistas que consideravam ser uma religião torcer para o Avaí. E muita gente caiu no conto e viveu uma fantasia.
- Olha só, estão falando bem de nós.
Esnobávamos a condição de “simpáticos” do Brasil. O 2º. time de cada brasileiro, dizia-se em todo lugar.
Menos em Santa Catarina.
Por aqui, a murrinha encravada do regionalismo xenófobo e rastaquera – que existe tanto na Capital, como no interior, é bom que se diga – impedia que fôssemos sequer ouvidos fora do quintal da 101 ou pra lá de Santo Amaro, quanto mais termos torcida distante daqui.
Os apologistas do marketing esportivo (aquela pseudociência que apresenta banha estragada e diz ser a melhor margarina da galáxia) clamavam por uma participação do Avaí, como instituição, para o interior do Estado barriga-verde. Onde já se viu não aproveitar o momento de glória como melhor representante de Santa Catarina na série A?, arrotavam os entendidos da ensebação no futebol.
E aí o que fez a direção avaiana anterior, juntamente com a fornecedora de material esportivo, ambas odiadas, ofendidas e xingadas durante uma década? Resolveram que seria bacana e interessante levar a bandeira de nosso Estado em cada jogo do Avaí pelo Brasil e, ao mesmo tempo, homenagear as nossas cidades nas camisas de goleiro.
Pronto! Pra que?
Estava declarada a guerra da alta costura por aqui. De repente, uma legião de costureiras e estilistas dos fashions weeks da vida se viu insultada, incomodada, envergonhada pelos goleiros avaianos estarem desfilando nossas cidades por aí. Maçãs, pontes, campos, carvões, pinhões, milhos e peixes nunca fizeram parte do futebol, declaravam os especialistas em moda. Golas, cerzidos, ribanas, mangas e cavas tomaram o lugar dos passes, chutes e cobranças de falta nas discussões. A “vergonha” em ver um goleiro lembrando uma cidade de nosso Estado era maior do que aquela jogada mal executada ou uma matada de canela num jogo qualquer.
A redenção se dá, nesse instante, com a informação de que trocamos de fornecedor de material esportivo, assumindo uma marca famosa, bem ao gosto das costureiras de ocasião.
Contudo, agora, quando se viaja para as regiões mais longínquas de Santa Catarina e se ouve depoimentos dos moradores das regiões, afirmando que o Avaí é o único time daqui que lembra do seu Estado, ou quando se vê pesquisas, uma atrás da outra, decretando que somos o clube de maior torcida, ou ainda, quando ganhamos seguidos prêmios de clube mais lembrado por aí, em Santa Catarina, muita gente, das outras torcidas, se pergunta, entre dentes, qual a razão.
Ah, claro, esqueci, isso não dá títulos, não promove carreatas e não leva às lágrimas os chamados “mais simpáticos do Brasil.” Uma pena!
2 Comentários:
Delírio total!
a idéia foi ótima, o gosto das camisas, duvidoso !!! esta porra de torcida !!!
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