FELIPÃO E A SORTE, by Roberto Costa

Felipão, esse homem de gestos e atitudes rústicas, segue bafejado pela sorte. E se digo sorte, não significa que nego sua competência, aliás, até acredita-se que a sorte procure os competentes.  

Mas seu time retornou do vestiário totalmente desconjuntado e realizou um segundo tempo com pouca coisa parecida com futebol, nada que pudesse identificar um time de seleção brasileira, como conhecemos e o mundo também conhece. 

Todos nós, teóricos de arquibancadas, não suportamos ver um jogo onde predominem os chutões pra frente, as ligações diretas, porque sabemos da improdutividade disso e também por ser esse padrão de jogo o timbre da incompetência técnica. Não suportamos que nossos times joguem assim e menos ainda podemos conceber que nossos representantes o façam no mais importante campeonato do mundo, e no entanto, foi o que vimos. 

O time desse gaúcho, calejado de sucessos, se saiu classificado foi, eu não diria por infelicidade dos bons chilenos, mas por excesso de sorte desse homem dos pampas. No derradeiro minuto o travessão sobre a cabeça de Júlio Cesar curvou-se um pouco pra baixo, acreditem, e evitou o gol que faria chorar os donos da casa e da festa.

Por falar em Júlio Cesar, merece louros de imperador sobre a cabeça, foi sem dúvidas o nome do jogo, o herói, o que conseguiu desencavar de dentro do peito um aperto de quatro anos, da falha fatal e desclassificante no jogo contra a Holanda em 2010. Júlio Cesar foi o curinga da sorte, fechando a canastra, salvando o dia de Felipão. Por falar em Holanda, precisaremos de muito mais que sorte, se cruzarmos com ela.

* Roberto Costa é associado do Avaí FC