domingo, 29 de junho de 2014

Uma seleção que fax cozas, by Alexandre C. Aguiar

É com esse bordão emprestado do meu Avaí que a seleção brasileira vai seguir daqui por diante até a final da Copa do Mundo. E quem escolheu isso, esse estilo das “últimas consequências”, foi o próprio treinador da seleção, Luiz Felipe Scolari. Uma pena, pois temos um bom time, mas o Felipão quer chegar com fortes emoções. E se for assim, camarada, vamos juntos também, ora. 
Essa Copa do Mundo no Brasil está sendo um espetáculo. Já dissemos isso várias vezes, até à exaustão, mas sempre é bom lembrar aos desavisados e pessimistas que apostavam numa vergonha. A cada jogo, muita qualidade técnica com força física exuberante são vistos. Está sendo uma Copa das melhores da história.
E não é fácil jogar estas partidas, que são tensas, nervosas e sob calores abrasadores nas horas dos jogos. Assim, muitos times tem-se superado. É preciso ter gás para aguentar tudo, do clima à tensão das decisões. Diz-se, nas lendas do futebol,  que quando um time quer decidir alguma coisa em sua vida, em qualquer campeonato do planeta, deve jogar como numa Copa do Mundo. E é o que estamos vendo a cada rodada: verdadeiros jogos de Copa do Mundo.
Mas faltava algo nesta Copa. Até este sábado, até agora, ainda faltava um tempero especial para consagrar a melhor Copa do Mundo de futebol de todos os tempos.
Embora nossos olhos estejam exauridos de tanto jogo bom, faltava o toque de emoção. Faltava o drama. Faltava o famoso teste para cardíacos.
E foi exatamente conosco, com o time da casa, que isso veio em doses absurdas e cavalares de agonia, desespero, suspiros, berros, xingamentos e choro. Muito choro. Choramos o choro dos vencedores. Como é bom chorar após uma vitória, numa partida vencida na garra e com fibra. Foi o que fez a seleção brasileira, com muito orgulho e muito amor numa partida épica contra o Chile e decidida na pior das decisões, nos pênaltis. Daquelas para ficar na história e gravada no fundo dos olhos.
Todavia, tudo isso poderia ser dispensado. Toda essa agonia não era necessária. Deveria ser diferente. Na verdade, estamos sofrendo por culpa e honra de nosso técnico, como eu havia dito.
Felipão decidiu que o time do Brasil não vai jogar, pois vai conquistar pontos. Ele decretou que não teremos conjunto, pois vamos depender de erros dos adversários. Ele tomou a decisão de jogar igual aos técnicos brasileiros, seus companheiros, ou seja, recuado, esperando o adversário, com marcação atrás da linha da bola. O tipo de futebol ultrapassado. Empurrar o adversário para o seu campo? Nem pensar.
Felipão tem o estilo copeiro, ou seja, deseja ganhar sempre na força, na raça, na vontade, com brucutus dando carrinhos e porradas a todo momento. O problema, que talvez ainda não tenham contado para o técnico da seleção, é que este time que ele dirige é leve e habilidoso, e que para pit-bulls falta-lhes os olhos injetados de sangue. E assim, nossos jogadores teimam em querer jogar bonito e exigindo um treinamento nesse sentido, que o técnico da seleção não permite ou não quer que façam.
A seleção brasileira, exceto nos lances de Neymar, joga tão feio quanto a parte da torcida que vaia presidenta e hino adversário. Mas, o time empolga.
E é aí que reside o charme desse time. Ele supera  deficiência tática (não técnica!) com o emocional. Os jogadores choram junto com a torcida entoando o hino. Eles mostram o coração a cada gol feito. Eles se incomodam com as jogadas ruins e exultam os lances fabulosos. Abdicaram do futebol-arte e estabeleceram o futebol emocional. Bem ao estilo latino. Ao estilo brasileiro. Do brasileiro que fax coza e que não desiste nunca.
A seleção brasileira pode não ser um primor no quesito jogo de futebol que nos acostumamos a ver, mas com certeza tem jogado cada jogo como final de Copa do Mundo, com alguma jogada de genialidade e temperada com a mais linda e sublime emoção que nossos corações podem suportar. E haja coração para sofrer como temos sofrido. Ufa!
* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí FC, proprietário do blog Força Azurra e um dos colaboradores do portal Todo Esporte SC. Foto acima: Ricardo Matsukawa/Terra

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