SÍNDROME DE GALINHA, by RC
Faz um bom tempo, eu ainda acadêmico de direito e jogar futebol aos sábados era um requinte especial de fim de semana. Não havia o modernismo dessas vans sempre à mão, para conduzir onze aficcionados da bola. Íamos muitas vezes na carroceria de um caminhão, com vento na cara e todos os riscos nunca avaliados do inadequado transporte.
Pois seguíamos certa vez num desses caminhões em direção à região de Antonio Carlos se me não falha a memória, para enfrentar um "esquadrão" daquelas paragens.
Eis que numa reta, vai o caminhão comendo o caminho e divisamos cinquenta metros adiante uma galinha ciscando à beira da estrada. Animal primário e de pouco cérebro, como tanta gente infelizmente ligada ao futebol, assustou-se com a aproximação da máquina barulhenta e, ao invés de correr para longe, em seu desatino jogou-se para o meio da estrada, sendo colhida pelas ferragens do veículo. Olhando para trás pudemos ver na distância que se debatia aos pulos antes da morte, no meio da estrada.
É difícil de entender e de explicar a inconsistência da equipe do Avaí. O time Avaiano segue sendo um aglomerado que não tomou uma forma definida. Quem pode entender que faça partidas brilhantes, como foi aquela da vitória sobre o Fluminense e a outra contra o Corinthians, apesar do resultado adverso?
O que falta para que os atletas consigam manter dentro de si a confiança demonstrada nesses jogos contra grandes equipes e a utilizem contra todo e qualquer adversário? Por que arrebentam, são eficazes num jogo e já no seguinte parecem ser um time amador, sei lá, até um time de várzea, tremendo desatinados diante do adversário, entregando bolas gratuitamente aos adversários, armando contra-ataques fatais? Falta de qualidade, ouvimos dizerem aqui e ali, mas por que ela não aparece em alguns jogos?
Tínhamos um goleiro que vinha falhando bisonhamente, concluímos que o banco de reservas poderia ser interessante ao Vagner, que Diego merecia a sua chance e Diego, com currículo de passagem por grandes equipes, recebeu a chance, mas conseguiu ser desastradamente pior. Que volte de imediato o Vágner, um mal menor, parece.
Não temos meio-termo, ou jogamos com valentia e vencemos, ou desandamos de vez, escorregando na maionese, como diz o populacho. Quando não jogamos como guerreiros, portamo-nos com a síndrome de galinha, corremos sem freio para o abismo, pra debaixo do caminhão, e realizamos o desastre.
Parece que achamos um homem gol, alguém com intimidade com as redes adversárias e isto é de grandicíssima importância. Mas precisam nossas forças de sustentação do Clube observarem atentamente o viés de salvação o qual, acredito, está na contração de dois zagueiros de área mais experientes, e um goleiro realmente confiável. Sem isso, será série B com toda a certeza e talvez de forma muito contundente. Que aqueles que realmente fazem acontecer dentro do Clube não se deixem levar também pela síndrome de galinha, que sejam criativos, que se movam com urgência, porque o caminhão vem passando, louco para atropelar.
Postar um comentário
A MODERAÇÃO DE COMENTÁRIOS FOI ATIVADA. Os comentários passam por um sistema de moderação, ou seja, eles são lidos, antes de serem publicados pelo autor do Blog.