Bom dia, Azurras - nº 4.007

SEPARAÇÃO

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

 

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

 

De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

 

Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente

 

Para quem não conhece, os versos acima formam o “Soneto de Separação”, de Vinicius de Moraes, escrito em 1938, na Inglaterra.

 

Para nós, avaianos, que temos uma “paixão pra toda vida”, creio que começamos a vivenciar nosso “Soneto de Separação”...

 

Afinal de contas, numa semana em que todos deveriam estar ansiosos pela decisão do próximo domingo, em Brusque, no estádio Augusto Bauer, eis que as discussões sobre esquemas de jogo, escalações, acabaram perdendo espaço para uma legislação seca, que tirou o foco da bola rolando para apreciar o teatro bufo de advogados torcedores, que compõem o tribunal que julga as coisas do nosso futebol...

 

Pobre futebol de Santa Catarina, que de repente, não mais que de repente, perde a oportunidade de ver um campeão dentro de campo, jogando futebol, para enaltecer a aventura errante de bastidores mal cheirosos...

LARGANDO

Desde 2019, ou seja, bem antes da pandemia, tenho chamado atenção para o quão deficitário é o Campeonato Catarinense, e digo isso desde os tempos em que era permitida a presença das torcidas nos estádios.

 

Evidentemente, com o início do período pandêmico, as coisas ficaram ainda piores, ainda mais deficitárias, até porque nem mesmo aquele “din-din” para o fluxo de caixa semanal apareceu, sem contar a debandada de associados, assim como dos patrocinadores.

 

Era esperado, portanto, que para 2021 os dirigentes tivessem preparado estratégias diferentes para atingir seu público alvo, os torcedores, com intuito de cativá-los e fazer com que acompanhassem seus respectivos clubes, ainda que pela telinha, ou da TV, do celular, ou do computador, mas...

 

O que se viu este ano foi um Campeonato Catarinense ainda mais desinteressante e repetitivo, sem retorno econômico, e até mesmo desvalorizado por quem adquiriu o direito de transmissão...

 

Se dentro de campo a bola não está muito redonda, fora dele resolveram instituir a bagunça generalizada, capitaneada por jovens senhores de gravata, alguns nem tanto, para anunciar aos quatro cantos de que o grande negócio é largar essa competição doméstica, dirigida por incompetentes.

AREIA MOVEDIÇA

No meu entendimento, o adiamento da partida Brusque x Avaí não encontra qualquer justificativa plausível, exceto pelo fato de que os dirigentes da FCF já descobriram as consequências causadas pela incompetência predominante em Balneário Camboriú.

 

Se o mandatário da FCF teve a pachorra de remarcar a data da partida, que seria dia 9, para o dia 19, imaginando que consiga realizar todos os jogos para a definição do quarto semifinalistas, deve estar superestimando sua capacidade de articulação, algo inexistente até agora...

 

Temos uma competição disputada em areia movediça, em que ninguém é capaz de afirmar se ao menos teremos algum jogo no próximo fim de semana...

 

Deixamos a bola de lado para nos ater aos bastidores, onde Chapecoense, Hercílio Luz, e até o “doladelá”, devem trocar “gentilezas”, cada qual tentando garantir seu quinhão, enquanto a bola que deveria beijar as redes vai murchando de vergonha...

Saudações AvAiAnAs!