sábado, 17 de agosto de 2024

Avaí, 49 anos do título Catarinense de 1975

Na década de 1970, após anos de dominação dos times do interior, Avaí e Figueirense recuperaram a supremacia do futebol regional. O Figueirense levou o título de 1972 e 1974, enquanto o Avaí foi campeão em 1973 e 1975. O primeiro jogo terminou em 3 a 2 para o Figueirense, com os dirigentes alvinegros apagando a luz do estádio quando o Avaí dominava a partida e estava próximo do empate.

O Avaí parecia liquidado. Nem tanto. Áureo Malinverni substituiu o zagueiro técnico Ari Prudente pelo limpa-tudo Maneca e contou com o retorno do grande Zenon ao meio campo. O Leão venceu a segunda partida por 3 a 0, em uma  exibição brilhante  do elenco, com Maneca parando Toninho e Zenon comandando o time  com lançamentos precisos para Juti enlouquecer os adversários.

No dia da grande final, o Figueirense não acreditou no potencial avaiano e preparou uma festa. A melhor de três foi disputada no estádio Orlando Scarpelli, sede do dono da melhor campanha na competição. O jogo começou e o espetáculo era comandado pelas torcidas, que ocupavam cada milímetro das arquibancadas. O primeiro tempo foi um duelo tático, com muita marcação e alguma violência. Na segunda etapa, o Avaí foi mais uma vez comandado por Zenon, que chegou a marcar um gol, anulado pelo bandeirinha Dalmo Bozzano. Um torcedor mais exaltado atirou uma pilha de rádio na cabeça de Bozzano, que foi retirado de campo ensanguentado e substituído por Pedro Zimmer.

O jogo recomeçou e o Avaí continuou com as rédeas da partida, sendo importunado apenas pelos perigosos ataques de Toninho, em tarde inspirada. O Leão havia perdido o jogador no início do ano por ter deixado vencer o prazo para renovar o seu contrato. Agora no Figueirense, ele queria mostrar trabalho contra o ex-clube. Ciente do perigo representado por Toninho, Áureo Malinverni havia descoberto o antídoto: sacou novamente o zagueiro Ari Prudente, mais técnico, do time titular. Em seu lugar deu a missão da vida do soldado Maneca: neutralizar Toninho. Missão dada, missão cumprida. Com o principal jogador adversário anulado por Maneca, restava ao Avaí jogar o seu melhor futebol, o que invariavelmente começava pelos pés de Zenon.

Aos 33 minutos, após o cruzamento perfeito de Zenon, Juti marcou de cabeça o gol que continua na memória do futebol de Florianópolis. Quem o presenciou ainda guarda na lembrança aquele lance em detalhes. Zenon, pela direita, driblou Luiz Everton. Encarou a marcação de Orcina e Casagrande e passou pelos dois, deixando-os sentados no gramado. Seguiu até a linha de fundo e cruzou alto para Juti cabecear para o gol de Vanderlei.

Aos 38 minutos, o Avaí teve Carlos expulso pelo juiz José Carlos Bezerra. Mesmo assim, o Leão da Ilha chegou lá. No fim, a torcida invadiu o gramado do Scarpelli e arrancou até as traves, em uma festa que dura ainda hoje.

Ninguém sabe que fim levaram as "recordações" tiradas pelos avaianos do Scarpelli há quase quatro décadas. No entanto, as taças conquistadas pelo time alviceleste insistem em continuar existindo, agora acomodadas no Memorial dos Atletas Adolfinho, como despojos do adversário vencido. A foto que estampou a capa do jornal O Estado no dia seguinte ao jogo captou o momento em que a pelota saía da cabeça de Juti em direção as redes. Não havia mais nada a dizer: "É o Avaí".

17/08/1975 - Domingo - 15 horas

FIGUEIRENSE 0 - Vanderlei; Pinga, Almeida, Orcina e Casagrande; Sérgio Lopes, Moacir e Lico (Letieri); Marcos, Toninho e Luiz Everton.
Técnico: Lauro Búrigo

AVAÍ 1 - Danilo; Souza, Maneca, Veneza e Orivaldo; Lourival, Balduíno e Zenon; Carlos (Ademir), Juti e Vado.
Técnico: Áureo Malinverni

Gol: Juti, aos 23' do 2º tempo

Árbitragem: José Carlos Bezerra (SC), auxiliado por  Roldão Tomé da Borja Neto e Dalmo Bozzano (Pedro Zimmer)
Cartões amarelos: Orcina (F); Danilo, Ademir, Carlos e Vado (A)

Estádio Orlando Scarpelli 
Público não informado
Renda: Cr$ 213.980

Fonte: O TIME DA RAÇA: Almanaque de 90 anos do Avaí Futebol Clube / Adalberto Jorge Klüser, Felipe Matos e Spyros Apóstolo Diamantaras - Blumenau : Nova Letra, 2014, p. 261-263

1 Comentário:

Maurício Gil - Floripa (SC) disse...

Eu estava lá e invadi o campo, ajudando a arrancar as redes e derrubar as traves. E dando volta olímpica, com a torcida do Estreito atirando pedras da "coloninha".
Impagável e inesquecível!

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