DEU SAMU, by RC
Domingo, rua singela da Coloninha, a mulher da casa ao lado gritou:
- Ô vizinha!
- Ôôôi!
- Chega na janela.
- Pronto.
- Vizinha, sábado à noite a gente viu chegar uma ambulância do SAMU na sua casa. Alguém ficou doente?
- Nem te conto.
- O quê?
- Sabe o que foi, o Zeca do Bar chamou o Nego e deu pra ele 12 latinhas de Belco, amassadas, que a caixa tinha caído no chão, de cima da pilha. Duas, muito tortas, nem ficavam de pé, mas todas boazinhas, sabe; nenhuma vazou. Aí o Nego botou elas pra gelar e disse que ia trazer um amigo, depois do clássico, pra comemorar a vitória do Furacão bebendo as doze.
- Ô senhora, mas o Furacão perdeu.
- Posintão. Aí o amigo nem quis saber de comemorar, foi pra casa. O Nego veio, me mandou esquentar uma dobradinha que tinha sobrado desde quarta-feira, comeu dois prataços e emborcou as doze Belco de vereda, uma atrás da outra, quase sem respirar. Eu disse pra ele, ô homem, tu parece que queres te torturar e ele não respondeu, só arrotou.
- E como é que ele tá agora, vizinha?
- Tá na cama e tá feio, meio amarelo, meio esverdeado, o olho embaciado.
- Mas o que será que fez tanto mal a ele? Será que foi a dobradinha ou foi as Belco?
- Nem uma coisa nem outra, porque ele já chegou do jogo desse jeito, vizinha.
* Roberto Costa é associado do Avaí FC. Texto publicado originalmente em 15 de maio de 2018.
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