O círculo vicioso do Avaí fora de campo, by Jean Anderson da Rosa
Com o empate de ontem, a torcida azurra já iniciou a
contagem regressiva para os famosos 45 pontos, a meta mínima para escapar do
rebaixamento. Virou rotina. Em vez de sonhar grande, o torcedor do Avaí se vê
nos últimos 4 anos fazendo conta para sobreviver. Estatisticamente a chance de
acesso 1 a cada 5 clubes, ou seja 20%. Mas não é a matemática que define o
destino do clube é a gestão. E é justamente aí que o Avaí segue tropeçando.
Gestão eficiente, controle de gastos, responsabilidade sobre
o próprio dinheiro e planejamento de longo prazo. Esses são os pilares que
poderiam colocar o Avaí em outro patamar e foram prometidos pela atual gestão.
Mas, no lugar disso, vemos apostas arriscadas, decisões sem convicção e a
repetição de erros que nos condenam ao mesmo círculo vicioso.
O torcedor já se acostumou: comemora acessos e, logo depois,
sofre para não cair. A atual diretoria vendeu o discurso de que faria
diferente, de que traria organização e reestruturação. Mas reestruturação não
se faz com promessas vazias. Ela exige firmeza, convicção e coragem para
enfrentar derrotas, atravessar títulos perdidos e aproveitar oportunidades.
Tivemos a chance de nos impor sobre um rival fragilizado, mas sequer soubemos
aproveitar.
Na prática, o que sobrou foi um clube mergulhado em
incertezas. Todo mês a mesma angústia: salários atrasados, notícias
desencontradas sobre pagamentos e a sombra da recuperação judicial, que, se
falhar, pode ser um desastre para o Avaí. Essa instabilidade fora de campo se
refletiu dentro dele. A montagem do elenco foi desastrosa, sem peças de
reposição e com escolhas equivocadas que custaram caro. O afastamento do Manga
nesta semana é apenas o símbolo de uma temporada marcada pela falta de
convicção.
Agora, com as eleições batendo à porta, voltam as promessas
de “sanar o clube” e “elevar o Avaí a outro patamar”. Mas o torcedor precisa
estar atento. O risco é sermos enganados mais uma vez por discursos bonitos,
que na prática abrem espaço para que nossos presidentes tragam forasteiros que
desaparecem na primeira oportunidade $$$, sem assumir responsabilidade pelas
escolhas erradas deixadas para clube pagar.
O Avaí precisa de dirigentes que conheçam a fundo o tamanho
do problema, que tenham coragem de manter o time na Série B se for necessário,
mas com estabilidade e planejamento. O que não dá mais é para viver de notícia
de que “parte dos salários foi paga” antes de cada jogo, nem deixar torcedor na
dúvida se os atrasos salariais foram responsáveis pelas derrotas. O torcedor
cansou desse círculo vicioso.
* Jean Anderson da Rosa é associado do Avaí FC, ex-presidente da Torcida Leões do Vale, de Santo Amaro da Imperatriz
Ótimo comentário do Jean.
É isso mesmo que acontece.
Eu só não acredito em incompetência.
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